Terezinha Azerêdo Rios
Terezinha Azerêdo Rios é graduada em Filosofia e doutora em Educação.
"A gente dorme professor e acorda coordenador." Essa frase foi lembrada num encontro que tive, há pouco tempo, com equipes gestoras de algumas escolas paulistanas. Nela está entendida a ideia de que não há o preparo necessário para que o coordenador pedagógico exerça de modo competente sua função. E de que um bom professor não se transforma imediatamente num bom coordenador, uma vez que as exigências são diferentes para cada papel.
A questão que se coloca imediatamente é: o que caracteriza a função de coordenador? Do ponto de vista ético, espera-se o envolvimento com a construção coletiva do projeto político-pedagógico da escola e o compromisso com a formação continuada dos professores - elemento importante para atingir o objetivo de socializar a cultura e, nos processos de ensino e aprendizagem, promover a convivência solidária na instituição e intervir na construção da humanidade e da sociedade que queremos.
Na denominação do cargo, já se aponta a tarefa básica: coordenar. Muitas vezes, já se falou do sentido de ordenar. E comandar é um dos primeiros que surgem. Quem coordena comanda. Embora essa ideia tenda a ser rejeitada quando se trata de Educação, vale fazer uma analogia com o trabalho de um regente de orquestra, de um técnico de futebol ou de alguém que é responsável por produzir, com as respectivas equipes, um resultado favorável não só para o grupo, mas principalmente para aqueles a quem se destina o trabalho: os espectadores, no caso dos músicos, e a torcida, no caso dos jogadores (obviamente, os alunos, quando se pensa na escola).
Ressaltando, no entanto, que o maestro não precisa saber tocar todos os instrumentos nem o técnico jogar em todas as posições. Assim, não é obrigação do coordenador ter conhecimento profundo sobre todas as áreas nas quais se desenvolve o trabalho de cada professor.
Por isso, chamo a atenção para a dimensão ética do trabalho do coordenador. O pedagógico, que adjetiva a função, exige uma consciência do sentido do fazer coletivo e da estruturação de uma proposta que estimule a reflexão e a cooperação. O termo remete, ainda, à criação de um espaço para o diálogo e o aperfeiçoamento da prática educacional.
Ordenar não é só mandar. É também comandar. Coordenar é pôr ordem em algo juntamente com alguém. Tal constatação implica um desafio: definir que ordem se deseja no trabalho, pois ela pode ser relacionada ao que é costumeiro - e esse, às vezes, está desgastado e precisa ser revisto. É interessante, nesses casos, perguntar, como faz o escritor mineiro Carlos Drummond de Andrade em seu poema A Luís Maurício, Infante: "Uma nova desordem, não será bela?"
Para enfrentar humilde e corajosamente esse desafio, como convém a quem assume uma atitude crítica, os coordenadores não podem deixar de considerar - e estimular - as experiências vivenciadas pelos professores, na pluralidade e na diversidade de suas práticas.
No processo de formação docente, na partilha e na ampliação dos saberes, conformam-se também os coordenadores, continuamente. Conformam-se não no sentido de se resignar, mas no de configurar juntos, do jeito que se deseja o trabalho da instituição escolar.
Terezinha Azerêdo Rios
É graduada em Filosofia e doutora em Educação.
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Ver todos Comente maria de Fatima Nobrega dos Santos - Postado em 16/02/2012 16:53:19
Gostaria de tirar uma dúvida,sou professora de escola publica em um municipio da Paraiba, e na semana pedagógica a secretária de educação, determinou que a cada 15 dias o coordenador pedagógico vai ficar assistindo a aula do professor na sala de aula, gostaria de saber se essa é uma das competências do coordenador,pois creio que isto irá tirar a autonomia do professor em sala de aula além de ser um constrangimento
Maria Inez Rodrigues Pereira - Postado em 25/08/2011 13:35:02
Adorei o artigo da Terezinha. Parabéns!! Sou Coordenadora Pedagógica e uma das maiores dificuldades de minha função é fazer com que os professores entendam que o trabalho coletivo deve ser desenvolvido com compromisso político e competência pedagógica. Organizar o trabalho pedagógico e acompanhar a aprendizagem dos alunos não é tarefa fácil, por isso é preciso compreender primeiramente qual é a função da escola para poder auxiliar corretamente os professores no planejamento de ensino.
MARIA JOSE VILELA AQUINO - Postado em 25/08/2011 12:28:38
A matéria é de grande importância para as pessoas que estão na função de coordenador, pois na maioria das vezes o professor é convocado para assumir a função sem nemhuma formação, até mesmo sem entender qual direção tomar, seria importante uma formação continuada também para os coordenadores. A revista escola está de parabéns sempre, pois sempre traz informações importantentes para os profissionais que estão na educação. Eu adooro ler Nova escola. Parabéns Terezinha Azerêdo Rios pela matéria.
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Publicado em GESTÃO ESCOLAR, Edição 014, Junho/Julho 2011.
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